A exposição individual de Regina Helene, “Além das milhares da razão”, com curadoria de Lia do Rio, abre no 23 de novembro, no Espaço Cultural Correios, em Niterói. São cerca de trinta obras, com técnica e material diversos, como papelão, papel, acrílica sobre tela, fios, tecidos e colagens.

A mostra apresenta imagens espontâneas do inconsciente pessoal da artista e do inconsciente coletivo, onde ela ‘quebra’ as muralhas da razão, estabelecendo a imaginação como geradora das obras expostas que manifestam estética mítico-simbólica. São, portanto, nos desenhos, pinturas, colagens e entrelaçamentos com fios agregados aos suportes – tecido, papelão, tela de arame, cores – que Regina torna tangível a ideia fluida instintivamente.

Regina Helene explica um pouco as nuances presentes em seus trabalhos: “ao resgatarmos por meio da imaginação criativa – Anima/Yin – as imagens rejeitadas por uma sociedade que se fundamenta na predominância e exaltação da razão – Animus /Yang – firmamos facilitadores de revelações, descobertas e inovações. Com a mente aberta transcendemos o conhecido, visível e tangível, possibilitando a consciência de que nossa realidade é mais do que as sombras percebidas como tal. Dessa forma, conseguimos escapar da caverna, muralha, que veda a verdade existencial universal e dar um pulo quântico no conhecimento humano”, diz.

O povo Manuara e seus símbolos estão retratados em sua obra. “O nome ManuAras trouxe-me a curiosidade de decifrar seu significado. Deixei fluir a imaginação pondo de lado a limitante razão. O inconsciente, a intuição, o simbolismo materializaram-se. Na teosofia os Manus não são homens, mas um coletivo. São considerados os pais da humanidade, um povo de braços longos, com mãos como pés decorrentes, talvez, da passagem do símio ao humano, mas, para mim, são os Manus as Mães da humanidade”, diz.

O público vai poder descobrir, ao visitar a exposição, uma cultura não conhecida, mas que traz uma mensagem para os tempos atuais. “Ao aliar o pensamento original a um mito pessoal, cria uma narração que ultrapassa o quadro étnico integrado ao patrimônio universal. Coleta elementos de uma cultura perdida, onde ocorrem situações inquietantes, instantâneos de um drama ou marcação do cotidiano de seres humanos. Trata os trajes dessa época indeterminada com uma abordagem livre, que incorpora signos diversos cada um dos quais possui força própria”, afirma a curadora Lia do Rio.

Sobre a artista:

Regina Helene é artista visual e produtora cultural, nascida em São Paulo. Vive e trabalha em São Roque, cidade a 65 km da capital paulista. Entre as linguagens, caminhou pela escultura passando pela pintura abstrata, pela arte têxtil contemporânea e, agora, nesta nova exposição no Espaço Cultural Correios, explora nova técnica, sem medo de mergulhar em novos conhecimentos. Guiada pelo universo feminino, por sua história, ancestralidade e mitologias do gesto de tecer e fiar, a artista organiza seu caos interno e o transborda dizendo indizíveis em suas obras. Através da participação com seus trabalhos autorais, em exposições individuais e coletivas, Regina Helene tem marcado presença na cena artística brasileira e internacional, passando, por exemplo, pela Argentina, Suíça e China.

Sua última individual foi neste ano, com ‘Darcy Penteado – Rumo aos 100 anos’, no Brasital, em São Roque. No ano passado, realizou cinco coletivas: ‘Tempo de Olhar’, na Galeria Branquinho, na Lapa, no Rio de Janeiro; ‘Transbordar’, na Casa da Frontaria Azulejada, no Centro Histórico tv tv Santos; ‘Elas, Delas por Elas’, na Casa Brasileira, em Madri; ‘Teias do Tempo’, no Espaço Teia’, em São Roque; e ‘Expo Povos Originários Indígenas’, Casa Odisseia, em São Paulo, capital.