Comprovando que o Carnaval é uma festa democrática e inclusiva, a rede de Saúde Mental realizou a sua 20ª edição do Bloco Loucos Pela Vida e reuniu mais de 500 foliões no desfile que saiu do Centro de Niterói e foi até São Domingos. O tradicional bloco promovido pela Secretaria de Saúde de Niterói é formado por pacientes da rede de Saúde Mental do município.
Entre os foliões animados, o paciente do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) da Alameda, João Silva*, se divertiu durante a festa.
“Carnaval é tudo que há de bom, esse já é meu 8º ano de Loucos Pela Vida e me ajuda muito em nosso tratamento”, afirmou.
Também do mesmo Caps, José Souza* estava na bateria do bloco Grêmio Escola de Samba Unidos do Sabiá que animava o evento.
“Eu poderia escolher qualquer instrumento, mas quis o prato, tudo vale para celebrar a felicidade e mandar a tristeza embora”, celebrou.
De acordo com a secretária municipal de Saúde, Anamaria Schneider, o bloco é um exemplo.
“O Bloco Loucos pela Vida é um exemplo inspirador da importância do cuidado com a saúde mental e da inclusão social. Em seus 20 anos de existência, ele se consolidou como um importante instrumento de promoção da saúde mental. É necessário apoiar e fortalecer iniciativas como essa para que possamos avançar cada vez mais na construção de uma sociedade justa e inclusiva, onde todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades de acesso à saúde e, porque não, à felicidade”, disse.
Segundo a coordenadora do Centro de Convivência e Cultura, Viviani Costa, esse momento é motivo de celebração.
“É sair da lógica dos manicômios para viver a vida na cidade. E fazer isso utilizando da cultura e mostrando o trânsito destas pessoas no cotidiano. Desse modo, a sociedade tem a visibilidade da situação, diminuindo o preconceito”, conta.
O Bloco homenageou Dona Ivone Lara, que, além de ter sido um baluarte do samba, também tem sua ligação com a Saúde Mental: trabalhou como enfermeira por 30 anos no Engenho de Dentro com a Dr. Nise da Silveira. Ivone Lara lançou 12 discos de carreira, sendo que seu primeiro trabalho só apareceu após 52 anos de idade, reflexo do machismo que enfrentou na carreira.
Marcando a representação da sociedade civil organizada, o evento esteve representado por três membros do Conselho Municipal de Saúde: Ivone Suppo (vice-presidente); Thiago Brum (usuários); e Elena Lopes (secretária-executiva). O evento contou com a parceria da Niterói Empresa de Lazer e Turismo (Neltur), da Águas de Niterói e da Universidade Federal Fluminense (UFF).
*Para preservar a identidade dos entrevistados, seus nomes foram trocados por nomes fictícios