A dois meses do verão, autoridades de saúde estão em alerta diante do aumento de casos de dengue no estado do Rio. Na contramão do restante do estado, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, os casos de dengue diminuíram 98% desde 2016. Os números de casos notificados, que há 6 anos chegaram a 3.369, não passam dos dois dígitos em 2022: até setembro foram apenas 66 notificações. O motivo, de acordo com a Prefeitura, está no projeto de liberação de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia, em parceria com a Fiocruz e o World Mosquito Program (WMP), aliado à organização das políticas públicas de Saúde.

Além da redução dos casos de dengue, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Niterói informa que, desde janeiro deste ano até o momento, foram notificados apenas 12 casos de chikungunya e não houve caso notificado de zika.

“A parceria entre a Prefeitura de Niterói e a Fiocruz para a implantação do mosquito com a Wolbachia na cidade foi uma inovação importante. Niterói tinha algumas condições geográficas favoráveis ao uso da tecnologia, por isso eles nos procuraram. Além disso, Niterói era uma opção por toda a sua tradição de ação na Vigilância Sanitária e no Controle de Zoonoses”, explica o prefeito de Niterói, Axel Grael.

Para o secretário municipal de Saúde de Niterói, Rodrigo Oliveira, a redução dos números só foi possível porque, aliado à tecnologia da Wolbachia, o Município já contava com políticas públicas de saúde estabelecidas para a doença.

“A Secretaria mantém um trabalho periódico de combate às arboviroses o ano todo. Esse conjunto de ações junto com a implantação do Projeto Wolbachia, que foi possível pela organização do trabalho em Niterói, possibilitam o bom resultado nos números das doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti“, afirma o secretário municipal de Saúde, Rodrigo Oliveira.

A redução do número de casos ocorre gradualmente há seis anos. Em 2016, os casos de dengue somaram o total de 3.369; os de zika, 6.958; e os de chikungunya, 289. Em 2017, foram 905 casos de dengue; 321 de zika e 598 de chikungunya. Em 2018, foram 1754 casos de dengue; 347 de zika e 2939 de chikungunya. Já em 2019, houve uma significativa diminuição, somando 388 casos de dengue; 89 de zika e 353 de chikungunya. Durante a pandemia, nos anos 2020 e 2021, os índices foram de 153 e 46 casos de dengue, respectivamente; 10 e 3 casos de zika; e 103 e 12 casos de chikungunya.

As primeiras liberações dos Aedes aegypti com Wolbachia ocorreram em 2015, no bairro de Jurujuba, em Niterói. Em 2016, a ação foi ampliada em larga escala em Niterói. Mas a soltura do mosquito apenas não garante o sucesso da operação.

O Município realiza medidas de prevenção e controle da doença durante todo o ano, e não apenas na época de maior incidência.  Além do trabalho diário, em que agentes vistoriam imóveis em toda a cidade, localizando e exterminando possíveis focos do mosquito, aplicando larvicidas quando necessário, orientando moradores e distribuindo panfletos educativos, são realizados mutirões todos os sábados.

Niterói também conta com seis comitês regionais de combate ao Aedes aegypti, que realizam ações em seus territórios, orientando e mobilizando a população no combate aos criadouros do mosquito. O setor de Informação, Educação e Comunicação (IEC), do Centro de Controle de Zoonoses, também realiza ações educativas em escolas, unidades de saúde do município e locais públicos, distribuindo material educativo e orientando a população quanto aos cuidados para evitar e combater o mosquito.

 

O método Wolbachia – Desenvolvido pela World Mosquito Program (WMP) e, no Brasil, conduzido pela Fiocruz, o método consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam, estabelecendo, aos poucos, uma nova população de mosquitos. Quando presente no Aedes aegypti, a Wolbachia impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro dele, contribuindo para redução destas doenças.

Crédito fotográfico: Luciana Carneiro