Prestes a completar 17 anos de história, o Teatro Poeira  reabre no dia 18 de janeiro com a exposição “Antes e Depois do Espetáculo”, com curadoria da diretora Bia Lessa. Com o objetivo de apresentar a trajetória da casa de espetáculos, que surgiu da parceria e amizade das atrizes Marieta Severo e Andréa Beltrão, a mostra se espalhará por todos os espaços do teatro, incluindo coxias, camarins e plateia.

A exposição relembrará todas as 166 peças que o palco do Teatro Poeira acolheu, mas, ao mesmo tempo, apresentará ao público a trajetória para tornar realidade o desejo de duas amigas de darem vida a um espaço que privilegia a liberdade de criação. “Queremos homenagear também as mais de 300 mil pessoas que assistiram aos espetáculos, retribuindo o voto de confiança”, revelou a atriz Andréa Beltrão.

O Teatro Poeira nasceu em 2005. De acordo com as atrizes, as duas estavam cansadas de teatros que focavam no comercial e só se interessavam por peças de sucesso. Assim, tanto Marieta quanto Andréa decidiram investir suas economias para construir um lugar que se tornasse referência de qualidade.

Desde lá, o teatro já passou por muitos momentos e já recebeu espetáculos de peso, como “As Centenárias”, divertido retrato de duas carpideiras, e “Incêndios”, peça do libanês Wajdi Mouawad sobre a dolorida descoberta da verdade. Durante a pandemia, o teatro fechou as portas, seguindo as determinações do decreto 46.970/2020, do Governo Estadual do Rio de Janeiro, que determinou a suspensão temporária de atividades coletivas de cinemas, teatros e afins.

Além da exposição, Marieta e Andréa planejam celebrar a reabertura do palco do Teatro Poeira trazendo para o palco “O Espectador Condena à Morte”. Escrito pelo romeno Matéi Visniec em 1985, a peça promete ser tão instigante quanto “Sonata de Outono”, de Ingmar Bergman, que inaugurou o espaço.  O espetáculo, que é uma comédia, satiriza os julgamentos arbitrários da sociedade moderna e o sistema judiciário e apresenta uma dinâmica onde o espectador se vê transformado em personagem.

A trama apresenta para o público situações incoerentes e personagens agindo de forma absurda na sala de tribunal. O juri desconsidera totalmente a inocência de um dos acusado, atribuindo-lhe faltas e erros que, no desenrolar da história, o transformam em inocente. Além disso, a peça bombardeia a quarta parede a todo momento, fazendo com que o espetáculo e a ficção se misturem com a realidade.

Outro ponto interessante da peça de Visniec é a grande mistura de estilos e influências: pode se encontrar o teatro absurdo de Ionesco, assim como o surrealismo de Kafka e o existencialismo de Camus em várias passagens da obra.

O espetáculo ainda não tem data de estreia.

 

Serviço: 

Teatro Poeira

Exposição: “Antes e Depois do Espetáculo”

Reabertura: 18 de janeiro

Endereço: Rua São João Batista, 104 – Botafogo, Rio de Janeiro